luz acesa
como se fosse e nem vai chegar ninguém
a saudade é uma porra mesmo
eternamente acesa

rogar

meus olhos te cercam
e se acercam dos teus
estes tão pequenos e saborosos olhos
adornados por transparentes auxiliares
que te anulam o defeito
tornando-lhe capaz de enchergar
mais para lá de teus acurtinados cabelos escuros

e penso, quão bonito é ver você ver
e sonho teus olhos enquanto ainda não vejo

sussurro as pontas dos dedos
soletrando cada detalhe do abismo que é teu rosto
fungadores tragando e expulsando ares desordenados
a testa se ilumina
a língua salta
e a boca cheia de dentes e palavras
se reduz em monossílabas das quais quero seguir rogando

esparramar

repouse calmo teu braço aqui
lance tranquilo teu papo no meu ouvido
que é sensível ao estalo de lábios
que encharca os meus lábios
recolha e envolva minhas mãos no teu colo
e deslize teus pés em minha perna
e adormeça pra só amanhã despertar
deste sonho tão bom que é estar e estar, estar, estar...

o mundo é pequeno
a rota
que é gigante

esporro

noites em que
                           a todo custo
    não durmo,
    me masturbo.

que da minha insônia
                           faço gozo
                           esporro

entre baires
y havana
hay muchas dudas
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